02 julho 2014

this is not a place for playing solitaire

To fazendo da empatia um exercício diário. Chego no meu quarto esgotado, como se tivesse treinado para um campeonato. Não é que eu não me importo, apenas não consigo sentir um fluxo contínuo de troca com quase ninguém. Eu falo, ninguém se interessa. Alguém começa a falar e a maior parte do que ouço, julgo como banal e fico querendo me retirar logo do ambiente. Arranjo qualquer desculpa: sede, vontade de ir ao banheiro ou checo algo no celular. Olhar nos olhos é como se os perfurassem com canivetes, simplesmente passou a ser um incomodo ter esse contato - que para mim, não está acontecendo. Me forço e esforço para não ficar sozinho, tentar manter algo vivo, perguntar como foi o dia e se a pessoa está bem. Há raras exceções de relacionamento, porém as que restaram sentem o afastamento inevitável.



This is my time
This is my tear
I can see clearly now
That this is not a place
For playing solitaire

07 junho 2014

Sufocado antes de vingar

Essa inquietude interior e desconhecida que sinto desde a adolescência talvez esteja começando a se revelar, ou eu esteja aceitando e consegui perceber que pode ser: expressão - ou arte, ou criação, ou sentimentos - chame do que quiser. 
Lembro de estar em meu quarto, desde a infância deitado em minha cama com os fones de ouvidos e interpretando, tentando entender as palavras e melodias nas músicas, o contexto e tudo o que aquilo significava. Comecei a ler, lia um bom tanto pela idade. Comecei a querer tirar fotos, isso eu já tinha largado as aulas de violão. Sempre escrevi, seja em blogs ou cadernos - sempre egocêntrico demais, o assunto acaba girando em torno do meu umbigo. Vislumbrei ativismo. Sempre gostei de designe gráfico, roupas. Sempre soube de artistas plásticos, relacionava momentos históricos com escolas literárias e esses pequenos detalhes que eu insistia em ignorar.
Porra, tudo isso para mim é um único universo, que me faz me sentir mais louco porém mais próximo de mim mesmo. Só que quando você está imerso num universo de adolescentes que não sentem interesse por esse lado, que enxergam a vida de um modo mais usual, eu acabava me sentindo um arrogante prepotente ao meio do resto por não conseguir sentir toda aquela euforia. 
Dai aos poucos você tenta trocar seus interesses, viver junto dessas pessoas e fazer um canal em que todos se comuniquem. Os hábitos vão mudando e passa a ignorar esse lado. Tinha esquecido que eu sentia falta desses momentos. 
Estou voltando a sentir vontade de me expressar novamente. Eu sei, faço arquitetura, essa seria minha principal forma de expressão. Mas é uma área comercializada, verei se terei meu estilo quando eu conseguir bancar uma obra. Mas não estou infeliz com a escolha, só estou limitado.O corpo não corresponde e a cabeça ta enferrujada. Preciso de alguns momentos de dedicação para ver os sentimentos tomarem alguma forma nesse plano. 

02 junho 2014

Autopista a 60km/h



Não estou encontrando um bom jeito de lidar com a dualidade do espaço e do tempo. Essas variáveis me variam.
É o acumulo de informação que são despejadas diante dos meus olhos onde o cérebro não consegue assimilar. É atravessar um oceano em um noite de sono e estar no velho continente. É se dar conta que tenho todo tempo do mundo para entregar o trabalho para semana que vem.
O tempo se esvai pelas frestas das mãos, como uma ampulheta sendo esmagada em um acesso de fúria por não conseguir exercer controle sobre ele. Uma semana é um longo período. Diante das tecnologias que possuímos, a nossa produtividade aumenta. O cérebro, orgânico e coitado, vibra sem parar e entender essa adaptação. Ele consegue, ele só sabe de 10% de todo potencial que tem.
Um trago e o tempo passa em câmera lenta. Consigo observar os detalhes, sentir o ar entrando pelas narinas, ver as folhas dançarem no ritmo do vento, acompanhar o apressado por do sol outonal.
Então começa a corrida, sua cabeça funcionando a mil. A mandíbula rígida e os nós brotando nas costas. Nessa pista de 24 horas, construo um muro de concreto e me faço pisar no freio. Encosto o pedal no assoalho do carro. Consigo sorrir de felicidade por ter parado a tempo, agradeço por estar vivo e então desmaio de cansaço. O sol que quis se por para descansar, levantou querendo competir com tempo impondo a falsa sensações de ciclos (como que se em sua ausência a lua concertaria tudo).
Após um tempo nesse processo de tensão, desaceleração e ciclo após ciclo parece que está tudo sob controle. Consegue-se equilibrar onde você quer estar e quanto tempo permanecer. Até o momento que você comparece, mas não consegue estar.
Todo o resto do mundo em um fuso, e eu no meu. Todo o resto lidando a sua maneira, e se saindo bem, pois me parece que é um obstaculo fácil que a maioria consegue vencer. Eu só vou, tento seguir o flow que não me serve para tentar reverter o tempo que eu estaria perdendo observando o sol se revesar com a lua.

26 março 2014

Tiro ao alvo (eu)

Você precisa ver o quanto fica linda quando sua armadura trinca deixando escapar um pouco desse amor contido ai dentro que eu sei que não é pouco. 
Para de querer direcionar e guardar sentimentos bons, eles são  infinitos. Não to pedindo pra focar em mim esse potencial, disso eu ja desisti. Só não quero receber toda negatividade como se eu fosse um invasor desse campo de força que te cerca. Cada choque levado quando tento me aproximar o mínimo, me faz afastar mais e querer que você suma dentro dessa casca por mais um tempo pra ver se volta mais certa que o nosso último encontro. 


07 janeiro 2014

Atenção, sua chamada está sendo encaminhada.....

No final apenas queremos conexões.
Alguém que você se sinta a vontade para falar sobre suas maiores piras, que consegue igualar e interrogar a sua loucura do mesmo modo que você faria, com alguém que te desafia.
Quando sob aquele olhar algo comum está alojado, delirando para ser reconhecido.
É o choque da permissão, compreensão, aceitação e admiração.
Qual a possibilidade da pessoa te perguntar "como seria o meu padrão de vítimas se eu fosse serial killer?" como se perguntasse "combino com azul ou amarelo?" sem correr o risco de se sentir julgada e temida logo após. É apenas o reconhecimento que do outro lado há linha, reconheceu um sinal pronto para a ligação se completar.

05 janeiro 2014

Saw Something



After the storm had passed
I wondered how long
The break in the clouds would last.

I saw something in your eyes, I'm sure
Baby, I saw it
Something in your eyes
I wanted it for myself


08 dezembro 2013

Experiência


Eu sei la da onde surgiu essa minha insistência com Incubus. Apenas reconheci o que já tinha de mim ali, nas melodias e nas letras.
Um contratempo, uma explosão, uma agressividade e fragilidade, todo o carinho e a busca da melhora, os fatos que acontecem que não parecem grandiosos mas que representam muito no final do dia, um olhar observador. É sobre isso a música desses caras e é sobre o jeito que eu encaro a vida.
E ontem 07/12/13 houve a terceira apresentação deles no Brasil. Após ter visto duas vezes sóbrio, resolvi dessa vez encarar não como um show, mas como uma experiência.
No meio do show do O Rappa que antecedeu para eles, eu já estava num estagio de felicidade em que normalmente eu não me encontro. Então um a um foram entrando no palco e aos poucos eu fui me desligando do mundo ao meu redor. Foquei apenas no palco. Os sentidos já estavam cada vez mais aguçados. Já não existia mais multidão do meu lado, não conseguia prestar atenção em mais nada além da apresentação e tudo o que eu sentia. E não era pouco o que eu estava sentindo, eram todos os pedaços do meu corpo, as luzes do palco muito bem sincronizada com as músicas que dançavam no meio da garoa que só São Paulo pode proporcionar, o vento que acariciava o rosto a todo momento de euforia. O som limpo, alto que rebombava dentro do peito. 
Não, não estou exagerando na descrição, pode parecer comum ou normal para quem estava de fora dessa comunhão com o momento mas eu sentia cada batida, enchia meus olhos todo aquele movimento no palco e a forma como a banda também levava a sério aquela apresentação, era muito comprometimento com todos os sentidos envolvidos, eu realmente consegui entrar na vibe de cada música, e em especial o Brandon que dançava de acordo, eu não era o único que estava sentindo daquela maneira. O admiro por conseguir sentir tudo isso todo show, e sóbrio.
Eu realmente estava ligado apenas em sentir tudo, todos os sentidos em comunhão, era só coisa boa saindo e chegando em mim. Foi uma experiência  surreal.

08 novembro 2013

Cada um por si

Encaramos o mundo com o nosso olhar e o sentimos como estamos nos sentindo. Não conseguir ter empatia pelo sentimento alheio só reforça que estamos submersos em nosso próprio mundo e sendo afogado pelos sentimentos que não conseguimos nos livrar.
Ultimamente, em 24h consigo ser o escroto que não entende como as pessoas são felizes e também ser o cara que vendo o por do sol não consegue entender como alguém duvida da espiritualidade que nos envolve.
Como atrair pessoas com a mesma vibe, fazer parceria e gerar companheirismo quando se tem essas variações gigantes o tempo todo? A falta de dividir as mesmas noias, sentir e passar por situações parecidas e ter cumplicidade com alguém parece cade vez mais distante. É cada um no seu mundo, sobrevivendo a sua maneira.

21 outubro 2013

Sem correntes

A mudança de emprego me fez bem por além dos motivos óbvios de que eu entrei na minha área, estou fazendo um horário bom e etc.
Consegui perceber que eu não tenho mais apego. Eu poderia me mudar para a China sem peso de deixar algo para trás. Sair do meu primeiro emprego no qual fiquei 4 anos e construí relações com pessoas excepcionais me provou que tá comigo o que eu preciso.
Minha competência, meu valor, meus contatos, meus jeitos, a certeza de ter as pessoas que gosto ao meu lado independendo da situação me tranquiliza. Tudo é ciclo, uma fase atrás da outra que eu to aceitando de braços abertos e querendo tirar o máximo de cada situação.

01 setembro 2013

Forever Young



Ontem eu estava com uns amigos de mais de 10 anos de convivência conversando e colocando algumas músicas para tocar, até que eu, animado pra caralho coloco a versão do Youth Group de Forever Young. Sempre achei que essa música significava mais do que um lema para quem tem síndrome de Peter Pan, mas ai deixei o álcool falar o motivo que eu realmente curto essa música, e passei a gostar ainda mais dela.
Conheci as pessoas que eu estava ontem quando eu tinha por volta 10 anos de idade, e por brincadeiras sem motivo maior sempre se ouve "você sempre vai ser o gordinho simpático" ou pra outra pessoa "já esperava isso de você, todo intervalo você mostrava a bunda" e coisas assim.
E se essas pessoas não tivessem mais por perto? Essa parte da sua juventude estaria morta, a lembrança de você novinho não existiria para ninguém e não teria o resgate de quem você foi. Ou seja, a gente só vai conseguir ser eternamente jovem ao olhos das pessoas que conhecemos na época.
Quando somos crianças não conseguimos pensar que nossos pais já foram crianças ou que aquela velha da esquina já foi gostosa um dia: porque conhecemos eles nessa situação e não temos referencias de como eram quando jovens. Ai crescemos e ouvimos histórias deles e conseguimos ver que também passaram por todas as fases, mas para nós não parece real porque não compartilhamos o momento com eles.
Forever Young não é um hino de quem tem medo de crescer, mas sim de lembrar-se de sempre ser sua versão jovem, cheia de vida com ótimas lembranças para quando esquecermos quem fomos.