23 maio 2013

Tira o pé do chão

Documentário sobre HC nos anos 2000

E abre na minha janela o seguinte documentário no site da Zona Punk sobre o movimento hardcore nos anos 2000. E qual a importância disso? Meus gostos, meus roles, minha noias, meus amigos, minha cultura, meu olhar no mundo, minha formação.

Foi onde eu consegui achar uma identidade e me sentir parte. Não foi apenas música, mas ela foi o que fez tudo isso girar e acontecer. Eu poderia dar os mesmos relatos dos caras do documentário, os quais eu já vi algumas vezes em diferentes lugares. E 10 anos depois ver esses relatos me faz ter certeza que eu fiz parte da cena, do meu modo e com as minhas limitações, porém com todo o coração e veracidade.

Aos 13 anos descobrindo a internet me trombei com essas bandas. Amigos indicando e trocando informação sobre as letras, lançamentos e turnês  Mais de uma hora para baixar UM único arquivo .mp3 para então integrar aquela sua lista de 50 músicas no Winamp.

Nessa fase de começo de adolescência é crucial todas as experiências e o que te rodeia. Então todas aquelas questões de drogas, sexualidade, politica, religião me fez pensar no que eu queria, o que eu aceitava. Não sabia o que queria, fase negra - porém sabia exatamente o que eu não queria e não aceitava. As letras com conceitos filosóficos e políticos, histórias de amor, de revolta e adaptação. A utopia de um mundo como nossos olhos veem e como nossa galera vivia.

Tudo isso me tornou um cara não fútil, mais esperto - as vivencias em show e em multidões te ensinam - com noção de assuntos que não teriam chegado a mim se não fosse por essas horas prestigiando tais músicas. Aqueles domingos logo após o almoço que eu tinha que tretar com a minha mãe pra ir aos show. Ela tinha razão, eu era bem novo, porém eu estava completamente lúcido e dentro da situação. Mas meus pais não facilitavam, e por querer estar presente, eu pegava ônibus, juntava dinheiro para comprar aquele CD da mão dos caras e aproveitar toda aquela vibe.

Poderia ainda discorrer sobre a influencia na linguagem, na vestimenta, no comportamento e tudo o que está por trás dessa vivência. Foi um período muito forte e que me moldou. Não há chances disso ser esquecido ou retirado. Foi lapidado com o tempo, deixou de ser tão forte, até porque o momento passou e eu me abri para muito mais coisa. Ainda hoje, quando vejo que vai ter shows como aqueles que eu ia aqui por perto, eu vou sem hesitar, canto as músicas, converso e noto as mesmas pessoas que via anos atrás e sei que essas pessoas também tem marcas desse passado.

Aí resolvi marcar a importância da música em mim.


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