12 julho 2013

Bloco de Concreto

O conhecimento tira a graça das situações. Hoje em dia não acho mais nada místico, impossível de entender ou extremamente grande.
Todas aquelas sensações de quando você é criança onde seu mundo é muito maior porque só depende da  imaginação e das referencias tortas que recebemos da mídia e dos nossos pais.
Ir à igreja, um lugar que você deveria sentir se bem e em paz era quase o oposto. Eu travava com respeito, tentava lembrar de tudo o que podia e não podia ser feito, o que era todas imagens e significados. Me sentia julgado por um devaneio, pois lá eu estava pelado internamente parente a um juri muito maior.
Ir a lugares desconhecidos, no banco de trás do carro imaginando o que poderia ser toda aquela paisagem, o que tinha de escondido e o que acontecia enquanto eu não estava olhando. A falta de noção de espaço de pensar que no pomar da tia avó poderia ter um tigre, já que era cheio de mato e afastado da cidade, fazia sentido.
Até o simples anoitecer e ir até a cozinha com a luz apagada era uma aventura. Voltar de alguma ocasião com seus pais depois da meia noite, ensonado, vendo as luzes passar pelo carro e o frio na barriga do que poderia haver na sombra.

Agora consigo entender religião e saber o que representa na minha vida. Trabalhei 4 anos durante a madrugada, em meio as sombras. Na faculdade estudo a relação do espaço e homem com a dinâmica da cidade. Toda essa carga da vida e conhecimento acumulado falta de tempo para a imaginação acabam deixando a vida crua, um bloco de concreto - frio e cinza.



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