28 maio 2013

Cheia de intensão

É uma transa discreta.
É troca de teoria, é querer ter razão
para vencer e ficar por cima.
Segurar os braços e desarmar, 
mas por um lapso de atenção
ter as unhas cravada nas costas.
É a constante inversão e quebra de clima,
mas a cada olhar a tensão aumenta.
Não há trégua ou consolo,
a intensão está no sorriso
e a consequência é o nosso limite.

23 maio 2013

Tira o pé do chão

Documentário sobre HC nos anos 2000

E abre na minha janela o seguinte documentário no site da Zona Punk sobre o movimento hardcore nos anos 2000. E qual a importância disso? Meus gostos, meus roles, minha noias, meus amigos, minha cultura, meu olhar no mundo, minha formação.

Foi onde eu consegui achar uma identidade e me sentir parte. Não foi apenas música, mas ela foi o que fez tudo isso girar e acontecer. Eu poderia dar os mesmos relatos dos caras do documentário, os quais eu já vi algumas vezes em diferentes lugares. E 10 anos depois ver esses relatos me faz ter certeza que eu fiz parte da cena, do meu modo e com as minhas limitações, porém com todo o coração e veracidade.

Aos 13 anos descobrindo a internet me trombei com essas bandas. Amigos indicando e trocando informação sobre as letras, lançamentos e turnês  Mais de uma hora para baixar UM único arquivo .mp3 para então integrar aquela sua lista de 50 músicas no Winamp.

Nessa fase de começo de adolescência é crucial todas as experiências e o que te rodeia. Então todas aquelas questões de drogas, sexualidade, politica, religião me fez pensar no que eu queria, o que eu aceitava. Não sabia o que queria, fase negra - porém sabia exatamente o que eu não queria e não aceitava. As letras com conceitos filosóficos e políticos, histórias de amor, de revolta e adaptação. A utopia de um mundo como nossos olhos veem e como nossa galera vivia.

Tudo isso me tornou um cara não fútil, mais esperto - as vivencias em show e em multidões te ensinam - com noção de assuntos que não teriam chegado a mim se não fosse por essas horas prestigiando tais músicas. Aqueles domingos logo após o almoço que eu tinha que tretar com a minha mãe pra ir aos show. Ela tinha razão, eu era bem novo, porém eu estava completamente lúcido e dentro da situação. Mas meus pais não facilitavam, e por querer estar presente, eu pegava ônibus, juntava dinheiro para comprar aquele CD da mão dos caras e aproveitar toda aquela vibe.

Poderia ainda discorrer sobre a influencia na linguagem, na vestimenta, no comportamento e tudo o que está por trás dessa vivência. Foi um período muito forte e que me moldou. Não há chances disso ser esquecido ou retirado. Foi lapidado com o tempo, deixou de ser tão forte, até porque o momento passou e eu me abri para muito mais coisa. Ainda hoje, quando vejo que vai ter shows como aqueles que eu ia aqui por perto, eu vou sem hesitar, canto as músicas, converso e noto as mesmas pessoas que via anos atrás e sei que essas pessoas também tem marcas desse passado.

Aí resolvi marcar a importância da música em mim.


20 maio 2013

A Falta

Eu tive um amor mas foi a dor que me ensinou a ser quem sou.

Alguns, na verdade. Me blindei porque me recusei a sofrer. Agora me recuso a aceitar que sinto falta de ter alguém. Me mostraram que é necessária uma palavra, nem que seja no fim do dia ou um gesto que surpreenda. Não consigo dizer isso em voz alta, me defendo dizendo que tenho todas as possibilidades de uma pessoa livre. Alguns dias ficam tão vazios quanto as garrafas de cerveja que esvazio. Porém se as garrafas estão vazias, eu não to em mim, e por mim ta ok.

Não sei, mas se talvez viesse pra ser do bem e fizesse questão de ser além. [CDMNTDN]