07 junho 2014

Sufocado antes de vingar

Essa inquietude interior e desconhecida que sinto desde a adolescência talvez esteja começando a se revelar, ou eu esteja aceitando e consegui perceber que pode ser: expressão - ou arte, ou criação, ou sentimentos - chame do que quiser. 
Lembro de estar em meu quarto, desde a infância deitado em minha cama com os fones de ouvidos e interpretando, tentando entender as palavras e melodias nas músicas, o contexto e tudo o que aquilo significava. Comecei a ler, lia um bom tanto pela idade. Comecei a querer tirar fotos, isso eu já tinha largado as aulas de violão. Sempre escrevi, seja em blogs ou cadernos - sempre egocêntrico demais, o assunto acaba girando em torno do meu umbigo. Vislumbrei ativismo. Sempre gostei de designe gráfico, roupas. Sempre soube de artistas plásticos, relacionava momentos históricos com escolas literárias e esses pequenos detalhes que eu insistia em ignorar.
Porra, tudo isso para mim é um único universo, que me faz me sentir mais louco porém mais próximo de mim mesmo. Só que quando você está imerso num universo de adolescentes que não sentem interesse por esse lado, que enxergam a vida de um modo mais usual, eu acabava me sentindo um arrogante prepotente ao meio do resto por não conseguir sentir toda aquela euforia. 
Dai aos poucos você tenta trocar seus interesses, viver junto dessas pessoas e fazer um canal em que todos se comuniquem. Os hábitos vão mudando e passa a ignorar esse lado. Tinha esquecido que eu sentia falta desses momentos. 
Estou voltando a sentir vontade de me expressar novamente. Eu sei, faço arquitetura, essa seria minha principal forma de expressão. Mas é uma área comercializada, verei se terei meu estilo quando eu conseguir bancar uma obra. Mas não estou infeliz com a escolha, só estou limitado.O corpo não corresponde e a cabeça ta enferrujada. Preciso de alguns momentos de dedicação para ver os sentimentos tomarem alguma forma nesse plano. 

02 junho 2014

Autopista a 60km/h



Não estou encontrando um bom jeito de lidar com a dualidade do espaço e do tempo. Essas variáveis me variam.
É o acumulo de informação que são despejadas diante dos meus olhos onde o cérebro não consegue assimilar. É atravessar um oceano em um noite de sono e estar no velho continente. É se dar conta que tenho todo tempo do mundo para entregar o trabalho para semana que vem.
O tempo se esvai pelas frestas das mãos, como uma ampulheta sendo esmagada em um acesso de fúria por não conseguir exercer controle sobre ele. Uma semana é um longo período. Diante das tecnologias que possuímos, a nossa produtividade aumenta. O cérebro, orgânico e coitado, vibra sem parar e entender essa adaptação. Ele consegue, ele só sabe de 10% de todo potencial que tem.
Um trago e o tempo passa em câmera lenta. Consigo observar os detalhes, sentir o ar entrando pelas narinas, ver as folhas dançarem no ritmo do vento, acompanhar o apressado por do sol outonal.
Então começa a corrida, sua cabeça funcionando a mil. A mandíbula rígida e os nós brotando nas costas. Nessa pista de 24 horas, construo um muro de concreto e me faço pisar no freio. Encosto o pedal no assoalho do carro. Consigo sorrir de felicidade por ter parado a tempo, agradeço por estar vivo e então desmaio de cansaço. O sol que quis se por para descansar, levantou querendo competir com tempo impondo a falsa sensações de ciclos (como que se em sua ausência a lua concertaria tudo).
Após um tempo nesse processo de tensão, desaceleração e ciclo após ciclo parece que está tudo sob controle. Consegue-se equilibrar onde você quer estar e quanto tempo permanecer. Até o momento que você comparece, mas não consegue estar.
Todo o resto do mundo em um fuso, e eu no meu. Todo o resto lidando a sua maneira, e se saindo bem, pois me parece que é um obstaculo fácil que a maioria consegue vencer. Eu só vou, tento seguir o flow que não me serve para tentar reverter o tempo que eu estaria perdendo observando o sol se revesar com a lua.